Efeito Placebo… Desemprego… Canas de Pesca…
Do latim placere que significa agradarei. É este o significado de placebo!
Assim se denominam os medicamentos que apresentam efeitos terapêuticos que
derivam da capacidade do paciente crer que está a ser tratado.
Do português promoção da contratação e da inserção de jovens, e/ou reconversão
profissional que significa desemprego deferido no tempo. É este o
significado de algumas medidas de apoio às empresas, ou melhor, de combate ao
desemprego, perdoe-me a inconfidência! Assim se denominam os apoios que o
Estado (crítico) oferece às empresas e que apresentam efeitos terapêuticos que
derivam da capacidade das empresas os absorverem e da economia e os
desempregados crerem que o desemprego está a diminuir!
Recorrendo ao exemplo do
comprimido de vitamina c, com sabor a laranja, para aliviar a dor de cabeça de
quem acredite estar a ingerir um analgésico, este será exactamente uma delícia
para as papilas gustativas dos empresários, um alívio à dor de cabeça que o
desemprego causa ao Estado e um analgésico para o desemprego e desempregados
que inocentemente creem estar a ser tratados.
Efectivamente existem umas
quantas medidas de apoio, assentes em fundos comunitários, a que o Estado
recorre para o combate ao desemprego que se traduzem na entrega directa de
dinheiro às empresas em troca do favor de aceitarem jovens, jovens
desempregados e desempregados em geral nas suas instalações durante algum
período de tempo, sobre o qual se poderá dizer que o desemprego diminuiu. Com
efeito, por muito paradoxal que pareça, o desemprego diminui e estranhamente o
emprego não aumenta, excepto estatisticamente! Apesar de interessantes e
apelativas, estas medidas são como truques de ilusionismo sobre o desemprego e
que na prática se traduzem em desemprego deferido no tempo, como pudemos ver
recentemente no ligeiro aumento que se verificou. Será fruto de contratos de
trabalho e outras formas laborais nas quais incidiam apoios cujos vínculos
terminaram? Talvez. É possível que de 7 em 7 e 10 em 10 meses se verifiquem
subidas no desemprego? Sim, é. Se infelizmente estou convicto que as
estatísticas do desemprego irão indicar um aumento em meados do próximo ano?
Sim, estou e não, não sou vidente…
Podemos dizer com a toda a
certeza que existe preguiça governamental no combate ao desemprego, os
organismos públicos destinados a esse fim tornaram-se bancos de fomento,
verdadeiras minas de Salomão, para as empresas que aumentam a sua produtividade
às custas de emprego gratuito e descartável sem que seja ou devesse ser o
verdadeiro fim dos apoios à inserção e contratação de desempregados.
Temos assim um (des)Governo que prefere o
facilitismo de entregar o peixe ao esfomeado no lugar de arregaçar as mangas e
ensiná-lo a pescar para que não tenha mais fome.
by Filipe Cortesão
"desemprego deferido no tempo" gostei, eventualmente vou roubar para uso futuro, com os devidos direitos de autor claro está, keep going, leitura interessante ;)
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