A propósito do Brexit…
Presentemente a
Europa tem sido inquietada, após o drama Grego, com uma nova ameaça de saída da
UE. O Reino Unido tem atiçado os nervos das principais potências europeias e
daqueles que mais veemente defende uma Europa unida, a União Europeia.
Muito se tem
especulado, muito se tem escrito, alguns contos românticos outros, dramas de
amores perdidos. Existem interesses políticos, sobretudo económicos, alguns
estratégicos e muitos comerciais. Vivem-se pelos dias de hoje momentos de
alvoroço, de grande sentido patriótico e de apelos à salvação europeia no caso
em questão.
A eventualidade
da saída da União Europeia pode suscitar as mais diversas opiniões, certos de
que algumas são mera ilusão e pura fantasia, creio que pouco credíveis. Vejo as
possibilidades a referendo, com os seus naturais prós e contras, o chamado
custo de oportunidade de tudo quanto é escolha e decisão. A manutenção do Reino
Unido na UE, depois do choradinho desta para que se mantivesse (entenda-se),
coloca nas mãos daquele uma poderosa arma, a possibilidade de ficar mediante
condições. Sabemos o quanto vale esta cartada.
A permanência do
Reino Unido na UE levará a que tal aconteça mediante as exigências impostas (ou
parte delas) por aquele. O facto de um qualquer país ser política ou economicamente
mais representativo, obriga a servir-se dessas qualidades para reforçar a
relevância e poder da Europa (como uma união) no panorama global, ao invés de se
servir da mais-valia europeia para autopromoção e um aproveitamento das
regalias em detrimento dos deveres. A cedência da União Europeia perante os
caprichos de um determinado país-membro abre discussão sobre os princípios de
igualdade no seio da união. Qualquer país que permaneça na UE com vantagens
relativamente a outros países está a principiar a ruína desta união cujas bases
cada vez mais levantam dúvida e descrença por parte dos seus cidadãos. Esta
situação poderá ser mote para que outros se levantem impondo condições para sua
permanência, desvirtuando os já virtuais valores por que se faz reger a União
Europeia gerando assim um desequilíbrio que reduzirá o custo de oportunidade
entre a continuação ou a saída. Por outro lado, a permanência poderá vir a
colocar em causa a excessiva hegemonia política da Alemanha, fazer crescer
vozes que até ao momento pouco se faziam ouvir e quiçá gerar fações, dois gumes
qual deles os mais aguçado.
Embora menos
provável, poderá efetivamente verificar-se a saída de um membro de peso do seio
da União Europeia, provocando efeitos de diversa ordem. Novamente poderá haver
um crescente tumulto por parte dos países que sentem uma influência residual
constrangidos pela supremacia de outros. Poderá levantar o debate sobre o que é
efetivamente a UE e porque não consolidar esta mesma união, mantendo-se a
certeza porém de que as diferenças culturais e os interesses nacionais
continuarão a sobrepor-se! A saída do Reino Unido poderá provocar uma reflexão
profunda, em alguns países, sobre a necessidade de continuar na união e
promover o estudo de estratégias para esse caminho.
Os
acontecimentos que estamos prestes a presenciar, poderão ser prenúncio de novos
debates sobre qual a missão e valores da União Europeia. A UE poderá deixar de
ser um fim mas antes sim um meio para atingir um novo patamar da democracia,
das politicas e do crescimento económico europeu.
by Filipe Cortesão
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