Anotar, Avaliar, Comparar e Decidir



Já pensou comprar um micro-ondas? E que tal comprar um novo par de sapatos? Para quê gastar dinheiro, talvez antes investir numa aplicação financeira! Melhor, adotar uma nova metodologia na sua empresa… Também não?! Bem… mais simples ainda, organizar as suas tarefas? Pode ser?!
Que massada… Indecisão pura!!
Nós economistas, temos um jargão para esta doce palavra, indecisão, chamamos-lhe “custo de oportunidade”. Por vezes até me custa saber que indecisões minhas têm um nome tão pomposo, tão profissional, tão… técnico, como “custo de oportunidade”! Já pensaram bem no poético que é?
Efetivamente é uma espécie de voz da consciência… Todavia o propósito desta reflexão é contornar um jargão sem respostas para uma metodologia que permite decidir bem ou mal mas plenamente consciente.
No dia-a-dia, todos os dias, nos deparamos com dúvidas e dificuldades de escolha (leia-se decisão) seja em casa, na rua, no trabalho ou até mesmo na gestão do nosso negócio. E quantas vezes caímos na espiral da ansiedade, das crescentes indecisões, porquês e porquês, comos e comos, quandos e quandos?!
Muitas vezes o tempo disponível para decidir é o nosso grande calcanhar de Aquiles, no entanto a mais-valia de uma decisão ponderada será bem maior que a de uma decisão precipitada, salvo raras exceções, é também este um custo de oportunidade e vamos ignorá-lo antes que nos aborreçamos!!!
Tanto na escolha de uns sapatos, como na organização das tarefas laborais é importante adotar uma metodologia, com as devidas adaptações e distinção de normas, optar por um processo de decisão revela-se em ambos os casos fundamental e profícuo.
Habitualmente executamos todo um método, bastante profissional e em milésimos de segundos, (é isso mesmo, somos umas máquinas a decidir), sobre coisas que já conhecemos, e conhecemos relativamente bem, assim acontece quando optamos por um Mars ou um Snickers, uma Coca-Cola ou uma Pepsi, Nike ou Skechers, um T1 ou um T2, ou entre a prioridade de uma tarefa dita urgente e uma tarefa regular. Realizamos todo este percurso decisório, sem o percebermos, assente nas nossas experiências, no nosso conhecimento empírico, a grande incógnita surge quando no nosso “arquivo” faltam registos experimentais ou empíricos. Neste momento impera dominar uma estratégia de decisão, no entanto a decisão é o produto final de um processo de anotação, avaliação e comparação de alternativas e oportunidades, ao qual importa chegar.
A AACD (anotar, avaliar, comparar e decidir) permite-nos alcançar respostas que nos conduzem a melhores resultados quando estamos perante um processo decisório, contribuindo fatores como a objetividade e a ausência de interesses. Significa pois que se vamos almoçar com um amigo e é ele a pagar acabamos por escolher picanha, por outro lado se cabe a nós abrir cordões à bolsa optamos por fast food (mais barato) e toda e qualquer possibilidade de decisão revela-se enviesada pelo interesse pessoal existente. Obviamente pretende-se seriedade, responsabilidade, objetividade e coerência! Quem carrega o peso da responsabilidade das suas escolhas sabe do que falo.
Espero que a “Responsabilidade Social” que vai na volta, tanto se fala, leia este artigo!
Voltando ao rumo traçado, a nossa primeira coordenada é anotar. Logo que nos deparamos com pelo menos dois objetos de decisão o primeiro passo a adotar é anotar a informação disponível acerca destes. As suas características. Seguidamente importa avaliá-los de forma imparcial, objetiva, coerente e individual. Analisados os prós e contras que cada um dos fatores apresenta, listados que estejam, inicia-se a comparação de ambos. Nesta terceira etapa a comparação efetuada deverá centrar-se no máximo de indicadores, sobretudo entre os que são homólogos ou estabelecendo padrões que permitam uma afinada equiparação (é aqui que se encontram várias falhas). Finalmente, definido que está o lugar ocupado por cada uma das opções, cumprindo os critérios referidos, encontramo-nos em condições de decidir e tomar uma escolha definitiva devidamente ponderada e assertiva do ponto de vista teórico-prático.
Simples, pensa o leitor! Sim, é simples e vamos exemplificar, para perceber como poderá ser eficaz…
Recebe duas tarefas, ambas relativamente urgentes, qual delas a primeira a ser tratada? Ora, chegou o momento de aplicar a metodologia AACD. Anota-mos uma e outra tarefa e toda a informação disponível sobre as mesmas. Avaliamos ponderando as vantagens e desvantagens, ambas têm períodos de elaboração, concretização e recurso a meios diferentes entre si, pelo que então já se torna possível estabelecer prioridades. Estamos em condições de efetuar uma comparação entre ambas, isto é, a avaliação é individual tal como inicialmente referido, ao que chegada esta terceira etapa é possível colocar todos os fatores lado-a-lado, conseguindo-se discernir sobre as opções consideradas. O processo descrito conclui-se com a decisão a qual imputa as prioridades de realização de cada tarefa, às necessidades observadas, estabelecendo-se uma ordem. Temos a conclusão do processo AACD.
Um outro exemplo poderá ser tão simples como algo sobre o qual esteja indeciso em comprar, aliás, é um excelente exercício para iniciar e praticar antes de aplicar esta metodologia a processos decisórios de maior responsabilidade. Dada esta questão, vamos olhar à necessidade de exercer uma escolha entre dois pares de calças. Iniciamos assim, uma vez mais, pela fase da anotação, e… o leitor empenhado que está, vai treinar concluindo este exemplo!
Existem as mais diversas formas de alcançar decisões eficientes, este é um modelo bastante prático cuja utilidade reveste-se de larga amplitude, aproveitando para alertar que decisões mais complexas envolvem naturalmente um estudo mais profundo. A metodologia define o caminho, o segredo está na forma como é percorrido mais precisamente no desenvolvimento que se dedica a cada fase do processo.

P.S.: Estarei disponível para qualquer feedback que vá de encontro ao método apresentado.

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