Ternura da Serra
Deslizo o meu olhar,
Por essas curvas,
Como sinto o tocar,
De tão ternas rugas;
De contornos diversos,
Mais do que um esboço,
Um traço de afetos,
Desenha-se um rosto;
Contempla seriamente,
Recantos com história,
Contemplados serenamente,
Pelos tempos da memória;
Cores, cheiros e formas,
Escaras, sinais e feitios,
Unem como nas somas,
Os divinos e os gentios;
Sente-se a comunhão,
Em enleada simbiose,
Dois estranhos dão a mão,
Numa cúmplice hipnose;
E se a tela deixa o pincel,
E se as cores secam na paleta,
E se o lápis abandona o papel,
E se a borracha faz que esqueça;
Aqueles dois amantes,
Descobrem-se no olhar,
Os corações distantes,
Anseiam por se encontrar;
E de novo se tocam,
Sentem-se as velhas curvas,
E enquanto se recordam,
Sentem-se as novas rugas;
Cai o manto branco,
Escondem-se as verduras,
Como no altar o santo,
Acolhe as almas suas;
Cantam um único fado,
Nessa reunião fraterna,
Caminham lado a lado,
De aliança eterna;
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