IDEOLOGIA DA IGNORÂNCIA

 (Dirigido à redação do Diário de Coimbra, e posteriormente publicado)

Exmo. Sr. Diretor,

Escrevo-lhe como desabafo, como manifestação da minha preocupação. Também não espero que a apazigue, antes sim que a compreenda. E então já seremos dois. A união faz a força… era o que se dizia! E será assim, com essa mesma força que vamos livremente fundar uma ideologia, de bem ou de mal, sim, percebeu corretamente, de bem ou de mal. Se de bem é meritória, se de mal aperfeiçoamo-la. Pois o bem e o mal são coisa nossa, de homens e mulheres, e não de ideologia alguma. Se os maus lhe chamarem de boa, convertamo-los, se os bons a chamarem de má, acolhamo-los. E aqui descanso em paz!

               Fundámos assim uma ideologia, chegámos primeiro, antes que ela se fundasse em nós. Para tal era necessário que não fossemos nem de bem nem de mal, sempre é melhor sermos alguma coisa que coisa alguma. Pois em quem não é coisa alguma, sempre se põe alguma coisa e essa coisa pode então já ser de bem ou de mal. Se de bem, é cura, se de mal, é doença. Alguns já defendem que há doença que se cura na ignorância, eu defendo que não há ignorância que cure a doença. E então talvez os haja que escolham a cura da ignorância, e talvez haja os que se deixam (es)colher na ignorância da doença.

               Já chega Sr. Diretor! Continuo preocupado…

por Filipe Cortesão

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